Amor, alegria e fé: as expectativas comuns dos participantes da JMJ

por Inês Moreira Santos, Nuno Patrício - RTP
Nuno Patrício - RTP

É o primeiro dia da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa e entre os participantes são muitas as expectativas para o que se segue. De todos os cantos do mundo, peregrinos e voluntários expressam o entusiasmo para ver o papa Francisco de perto. Mas há um desejo comum para os que estão em Portugal a vivenciar este evento: conviver com pessoas de outros países e partilhar momentos e valores católicos.

A JMJ de 2023 começou, esta terça-feira, com a Missa de Abertura na Colina do Encontro, no Parque Eduardo VII. Horas antes, os milhares de participantes inscritos e outros tantos voluntários começaram a reunir-se nos relvados circundantes do palco.

Sentados em grupo, a descansar à sombra ou a conversar, pessoas de todas as idades aguardavam o início das celebrações. Apesar de ser mundialmente famoso por reunir jovens de todo o mundo, este evento atrai também adultos mais velhos. É o caso de Ana Carla que, aos 59 anos, decidiu juntar-se aos mais novos e ser voluntária nesta jornada.

Vinda de Ferreira do Alentejo e a participar pela primeira vez num evento do género, admite que espera que, com “as pessoas todas aqui a rezar e a sentir esta alegria” se torne “mais lúcida a visão de Deus”.

“Fica tão mais fácil vê-Lo”, expressou, assumindo que se sente “completamente inebriada (…) com esta juventude”.

No mesmo grupo está também Daniela que é pela primeira vez, aos 19 anos, voluntária na Jornada Mundial da Juventude. Estudante em Lisboa mas com raízes no concelho de Vagos, acredita que “vai ser uma experiência muito gira” e “a repetir”.

“Agora temos a jornada em Portugal e de certeza que todos os jovens portugueses vão querer ir a mais jornadas noutros países”, porque é uma forma de “nos juntarmos ao Papa” mas também “de conhecermos outras partes do mundo”.


Daniela admite que “é mais complicado” os jovens portugueses se assumirem como “jovens católicos” em Portugal e, por isso, deseja que fique uma mensagem no fim deste encontro: “não tenham vergonha de assumir a vossa religião, de orar, de ser quem querem ser”.

Porque o mais importante, continuou, “é nós espalharmos amor, alegria e a nossa vontade de ser livres”. Não é a primeira vez que faz uma peregrinação, nem a primeira vez que vê o papa Francisco. Ainda assim, “é sempre entusiasmante pensar que vamos ver o Papa”.

Aos 40 anos, a porto-riquenha Maria Perez quis participar como voluntária depois de “sentir o chamamento” e porque desta forma encontra “alegria e Deus”. A viver em Portugal há alguns anos, espera que na JMJ de Lisboa possa “viver a alegria e a fé católica”

É a terceira jornada em que participa e garante que “cada evento é especial” e que lhe causa sempre “muita emoção”.

De Portugal, da vizinha Espanha ou do outro lado do planeta, tanto os peregrinos inscritos como os voluntários têm uma ambição comum: conhecer pessoas de outras culturas e com a mesma fé.

“Espero conhecer novas pessoas, espero que seja uma experiência que fique marcada na minha vida e que eu aprenda alguma coisa que não posso aprender em mais lado nenhum”, conta Afonso, de 19 anos.

Este voluntário vindo de Faro, no Algarve, acredita que esta pode ser “uma experiência” que não poderá esquecer.

Da mesma idade, a espanhola Neus veio a Portugal para “viver a experiência” e encontrar-se “mais com Deus”. É a primeira vez que participa numa jornada e tem a expectativa de “conhecer muita gente, divertir-me, ver o papa e conhecer católicos de todo o mundo”.

Veio com dois amigos de Valência, mas já “conhecer mais gente (…) de Espanha e de outros sítios”. Está alojada num colégio em Carcavelos, onde também convive com outros grupos, e diz que de Portugal leva “muitos crachás e recuerdos”, mas principalmente “mais amor a Deus”.
“É bom receber pessoas”
Andreia e Pedro têm 17 anos, são escuteiros em Odivelas e, embora sejam peregrinos, estão a viver esta experiência de forma diferente. Sentem-se em casa e orgulhosos por poder mostrar a cidade de Lisboa aos jovens que vêm de fora.

“Não sabia bem o que esperar. Só esperava uma coisa em grande, mas está a impressionar-nos bastante. E é só o primeiro dia”, afirmou a jovem à RTP.

“Eu vim de mente aberta. Quero experienciar tudo o que puder, [conhecer] novas culturas, falar com o máximo de pessoas que conseguir”.

E por gostar de receber e ajudar os outros, Pedro e os pais decidiram receber participantes estrangeiros como família de acolhimento.

“É sempre bom receber pessoas”, disse, acrescentando que o melhor “é mostrar a minha cidade às outras pessoas”. “É impressionante e eles adoram”, acrescenta.

Do norte do país, Inês e Laura vêem nesta iniciativa uma oportunidade de conhecer novos amigos.

“É um encontro com imensos jovens de imensas culturas e estão todos aqui com o mesmo objetivo e partilhamos todos a mesma fé”, frisaram as adolescentes de 15 anos. “Acho isso espetacular, extraordinário”.

“Queremos ser surpreendidas. Mas esperamos animação, partilha, e sobretudo partilha da fé”, continuou Inês, que veio com o grupo da paróquia a que pertence, em Leça da Palmeira. “Acho que faltam eventos como este para promover a religião e mostrar que a religião é algo divertido também e que os jovens ainda gostam e ainda praticam”.

São aos milhares os jovens vindos de países europeus. Fabiolo de 19 anos, veio da cidade espanhola de Cádiz para “conhecer pessoas, divertir-me e aproximar-me de Deus e da fé.

Já um grupo de jovens italianos admitem ter “enormes expectativas”. Alba e Frederica, de 20 e 23 anos, consideram que “este evento é muito importante” para todos no contexto atual.

“É importante para podermos estar todos juntos depois de termos estado separados tanto tempo por causa da pandemia da Covid-19”, afirmou Frederica, que veio de Génova.

É importante, salientou ainda, “termos oportunidade de estarmos todos juntos de novo, neste grande evento, com pessoas de todo o mundo”

“É importante nas nossas vidas e para a nossa fé”.

O grupo recordou ainda que, durante a pandemia houve quem se afastasse da fé, porque as pessoas não podiam sair de casa e “ir à igreja” e não era sempre “fácil rezar em casa”. Por isso, este encontro é uma boa maneira de se voltarem a conectar “uns com os outros e com a fé”.

Do outro lado do mundo, veio um grupo de jovens filipinos, do qual John Antony é o líder. Expressando no rosto e na voz a alegria de estar em Portugal e de poder ver o papa Francisco, admitiu que a principal expectativa é a de adquirir “mais conhecimento” e oportunidade para se desenvolver mais profundamente a nível espiritual.

A fé e a alegria de partilhar o momento da visita do Papa a Portugal são as palavras mais repetidas entre os participantes. Mas para Herson, o primeiro motivo que o fez vir de Cabo Verde foi o encontro “com Jesus Cristo e a sua presença através dos jovens e nestas ruas”.

“O que mais me motiva aqui é o verdadeiro encontro com Deus nesta jornada”, referiu o cabo-verdiano da ilha de Santo Antão, acrescentando que tem como expectativa que o Papa deixe uma “mensagem de força, de muito ânimo”.

O grupo cabo-verdiano que integra foi acolhido, inicialmente, por famílias portuguesas - experiência que descreve como “espetacular”.

É “muito divertido” este evento, disse ainda, porque é um “momento para nos conhecermos uns aos outros”.

“[Conhecemos] a cultura, cantamos, rezamos juntos”
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No fim do primeiro dia da Jornada Mundial da Juventude amor, fé e alegria são as palavras mais repetidas por todos os participantes que estão expectantes com a presença de Papa Francisco e as mensagens que deixará aos jovens, a Portugal e ao mundo.

Há 354 mil peregrinos inscritos e 24 mil voluntários. Ainda não foram divulgados números oficiais, mas o espaço visível do Parque Eduardo VII não foi suficiente para acolher todos os que quiseram assistir à cerimónia que deu início ao evento.
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